quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Português ou Esperanto?

Hoje posto mais uma das palestras que assisti no Maximídia Sat 2008.

Antes disso, faço questão de ressaltar aqui um assunto muito acalorado e sobre o qual eu tenho uma opinião muito formada. EU ODEIO ESTRANGEIRISMOS!

Não que eu ache que não podemos utilizar palavras e expressões que venham de outros países e línguas. É muito claro que algumas coisas, inventadas fora daqui e que façam parte de outra cultura, devam permanecer com o mesmo nome. Não me importo de utilizar o inglês para nomear os equipamentos e os processos da informática, o espanhol para nome de raças de animais e vinhos ou o francês para nomear pratos e aromas.

Como o Mouse, por exemplo. Infelizmente, os brasileiros vêm se acomodando tanto com essa tal “globalização” que não se preocuparam em criar um sinônimo para este rato. Inclusive, a Academia Brasileira de Letras já incorporou esta palavra ao dicionário da língua portuguesa.

Só não me enfie goela abaixo palavras como personal trainer, mobile, sale, cross media, coach, insight, background, , Chief Executive Officer, Chief Marketing Officer.... hummm, todo mundo entendeu todos os termos??

Pois é! O português é uma língua linda e com um vocabulário dos mais extensos no mundo. Também é uma das línguas mais difíceis de se aprender. Talvez, por isso, ainda sejamos um país com tantos semi-analfabetos. E é exatamente por isso que eu discordo do uso de palavras estrangeiras de maneira tão banal como vemos.

"Por qual razão os brasileiros deveriam se sentir constrangidos dentro de seu próprio país só porque não sabem pronunciar estas palavras?", disse Aldo Rebelo, um deputado que tenta aprovar um lei que proíba o estrangeirismo. Tem mais sobre essa história aqui e aqui. Não que eu concorde com tudo o que ele disse, mas nesta frase ele tem razão.

Por que nós é que devemos engolir expressões estrangeiras?
Por que eu tenho que chamar de CASE uma história marcante, se eu posso chamar de CASO DE SUCESSO ou caso de fracasso, se este for o caso.

Um lingüista chamado Steven Roger Fischer, disse, há um tempo atrás, que a língua portuguesa estaria morta em 300 anos. (Leia aqui sua entrevista para a revista Veja) Segundo ele, o que ficaria no lugar seria um Portunhol.

ABAIXO AO ESTRANGEIRISMO, digo eu!
Que façamos uma revolução mundial e surpreendamos a todos, pois somos o maior país da América Latina. Que no futuro não só 5 países falem o português, mas que o português seja uma das 5 línguas mais faladas no mundo.
Quem estiver a fim de se inteirar mais sobre o assunto, eu terei um enorme prazer em debatê-lo!

Maximídia 2008: O consumo popular e as Marcas – Construindo confiança para gerar valor

8 de outubro de 2008
Palestra:
O consumo popular e as Marcas – Construindo confiança para gerar valor

Painelistas:
Cecília Russo – Troiano Consultoria de Marca
Marcelo Coutinho – IBOPE
Debatedores:
Hugo Janeba – VIVO
Marcelo Velloso – Losango
Marcel Sacco – Grupo Schin
Mauro Multedo – McDonald’s
Moderador:
Marlene Bregman – Leo Burnett

O IBOPE e a Troiano Consultoria se reuniram para desenvolver este projeto e mapear a classe C brasileira. Com a ajuda da Meio e Mensagem, foi possível estudar e então gerar os resultados desta pesquisa.
Não é um desafio fácil falar com o consumidor da classe C, mas este é um público de grande retorno, por isso mesmo, um público ao qual se deve direcionar esforços neste momento e entender qual a relação destes consumidores com as marcas.
Em um primeiro momento, a tentativa foi resgatar o conhecimento que já existia sobre esta classe de consumidores.
A classe C tem aparecido na impressa com muita força, nos últimos meses. Os jornais estampam, freqüentemente, manchetes como “Quem é a nova classe média no Brasil”, “Presença da classe C avança na internet”, “Classe C ganha corpo e muda o conceito de classe média”.
A intenção deste projeto foi mapear, através de dados secundários e também de informações vindas de outros países, qual é realmente a força da classe C.
A classe C representa 25% da população mundial. São 1.400 bilhões de pessoas no mundo inteiro com renda entre 3 mil e 20 mil dólares anuais. No Brasil são 120 milhões de pessoas na classe C. O que equivale a 68% da população brasileira. São pessoas que passaram a ter a renda variável, a chamada renda discricionária. Um dinheiro que passou a sobrar e tem sido destinado ao consumo.
Dentre outros fatores, o que causou esta alteração foi o aumento das ofertas de emprego e com isso o aumento do salário e da renda.
Com o aumento do número de pessoas das classes A, B e C, as classe abaixo destas diminuem conseqüentemente e com isso cresce a renda média do brasileiro. Ou seja, a renda per capita passa de 460 reais para quase 580 reais, neste ano. Não só o bolo cresceu como também ficou bem mais distribuído.
Não há registro, na historia do Brasil, de um momento em que a distribuição de renda brasileira tenha melhorado juntamente com o aumento da renda per capita.
Também pela primeira vez na história, a classe C é a dominante em termos de quantidade de pessoas, representando a maioria da população. Hoje a classe média equivale a 52% da população brasileira.
Este momento está associado às profundas transformações políticas, econômicas, sociais e à estrutura de consumo no mundo inteiro.
Com base nestas informações, surge um questionamento. Como fazer negócios, de forma responsável e sustentável, com este público?
Conquistar a confiança destas pessoas, destes consumidores, é primordial. Uma marca, para conseguir alcançar este público, precisa adquirir o status de confiança.

A metodologia
A equipe do IBOPE, juntamente com a Troiano Consultoria, criou o ICP – Índice de Confiança Popular, para medir este fator, tão importante para os consumidores da classe C. A ferramenta combina uma extensão quantitativa e informações profundas colhidas de diversas fontes.
Foram 3.003 entrevistados, entre 18 e 39 anos, em 9 regiões metropolitanas brasileiras, com renda média de 1 a 3 salários mínimos e com, em média, 4 pessoas na família. Os pesquisadores utilizaram como método a vivência etnografia, participando, com o mínimo de interferência, da vida destas pessoas.
Foram aceitos quatro patrocinadores para este projeto, uma para cada um dos segmentos estudados: financeiro, cerveja, fast food e telefonia.
O questionário necessitava de, em média, uma hora e trinta minutos para ser completamente preenchido.
Produto, distribuição, preço, atendimento, comunicação e marca foram os quesitos avaliados durante a pesquisa.
O importante no quesito Produto/Serviço foi o aspecto qualidade e, em especial, se eles atendiam as necessidades daquele consumidor.
Quanto a Distribuição, o ponto analisado foi a facilidade de o consumidor encontrar aquele produto/serviço. Importante era saber se estes estão disponível onde o consumidor tem o hábito de compra.
Em se tratando do Preço, o aspecto analisado foi o sentimento que o consumidor tinha se aquilo que ele comprava valia o que custava, se possuía tarifas e preços justos.
Sobre o Atendimento o mais importante foi o respeito. Ser bem atendido, com atenção e, principalmente, com respeito.
No quesito Comunicação, o questionamento foi em relação ao tipo de produto ou serviço que tem propagandas que eu gosto, ou seja, quais marcas estão direcionando seus esforços publicitários para esta classe e estão conseguindo percepção.
No último e mais importante aspecto, a Marca, o ponto analisado foi o sentimento que o consumidor tem delas. Procuramos saber quais marcas são ou poderiam ser especiais para eles, de alguma forma.
O índice vai de 0 a 100 para cada quesito. Como resultado, as marcas mais pontuadas são as que possuem um índice maior de confiança pelo consumidor. Quando foram trabalhadas marcas regionais, o índice também foi regional.

O resultado
A maior parte das marcas de cerveja obteve um índice muito baixo de confiança. Apenas 4 marcas obtiveram índices médios e apenas 1 alcançou um índice melhor de confiança, com no 60 pontos.
Quando se fala em cerveja, a Comunicação tem um peso importantíssimo no índice de confiança da marca. Nesta categoria, o que mais pesou para o baixo nível de confiança foi a Comunicação.
No quesito financeira apenas 1 alcançou um índice razoável de confiança. O que mais pesou contra foi o Preço. Neste ponto é importante lembrar a filosofia exposta pelo Andre Velloso, da Financeira Losango, pertencente ao grupo HSBC, “quanto menor a renda do cliente, maior o preço do empréstimo”. Segundo ele, a avaliação de risco é feita para todos os solicitantes. O valor dos juros é cobrado de acordo com o nível de risco do financiado, se ele apresenta um risco maior de não conseguir quitar o empréstimo, os juros acrescidos são mais altos. Dessa forma, o “pobre” tem menos chances de conseguir o empréstimo e se consegue contraí dividias com juros quase no dobro do valor financiado.
Já na telefonia apenas 4 marcas foram bem pontuadas. Neste quesito, a Distribuição obteve um peso muito grande na medição do índice de confiança.
Na categoria fast food foram trabalhadas 36 marcas. 1 marca alcançou um bom desempenho, entre 60 e 100 pontos, o máximo possível.
As variáveis Preço e Comunicação foram as mais ressaltadas, o que representa que estes são aspectos de maior importância para a confiança do consumidor. Estes dois pontos são fundamentais na categoria fast food.
No total foram 64 marcas estudadas. Apenas 4 delas alcançaram um índice de confiança elevado, entre 60 e 100 pontos.
A partir destes resultados, a equipe passou a estudar apenas as marcas mais bem pontuadas. Iniciamos a analise dos fatores, comuns a todas elas, que fizeram com que obtivessem um alto índice de confiança dos consumidores.
A pergunta principal: Onde estas marcas acertaram?
Na avaliação, estas marcas mostram, ao menos, 4 caminhos para fazer negócios com o consumidor da classe C.
Caminho 1
As marcas de confiança são uma ponte para o projeto aspiracional desses consumidores.
De um lado todo ser humano tem um Eu verdadeiro e um Eu ideal. Entre eles existe o ESPAÇO DE IDEALIZAÇÃO.
Posso me aproximar de marcas que traduzam melhor o meu eu ideal e com isso me aproximar mais do meu espaço idealizado.
O projeto do eu ideal é bem distinto do eu verdadeiro e atual.
Caminho 2
Marcas cujos produtos sejam, ou se tornem ruins, não resistem à confiança do consumidor.
A atenção com a qualidade é ainda mais marcante do que para as classes com renda mais alta.
Qualidade é a condição para jogar, é o fator chave para geração de confiança. Em especial nas categorias fast food, cerveja e telefonia celular. Só não o é na área financeira, onde o que mais pesa são as taxas, ou seja, os preços.
Caminho 3
Marcas de confiança sempre têm uma nova história para contar.
Nós utilizamos a fábula da Sherazade para exemplificar este conteúdo. Sherazade era obrigada a contar uma nova história todas as noites, para que o seu Rei não a matasse.
As marcas Sherazade sempre ganham das marcas Talibã.
Caminho 4
Preço não é necessariamente gerador de confiança. Depenar produtos não é garantia de sucesso.
Há algum tempo atrás, as estratégias de preço para as classes baixas eram feitas a partir da extração de fatores do próprio produto ou serviço. Hoje em dia apenas o mais barato não é o melhor avaliado.
Muitas vezes o consumidor da classe C prefere pagar mais se ele acreditar que o produto mais barato tem menos qualidade.
Poucas marcas fazem negócio com a classe C da forma mais lucrativa para ambos os lados.
Das 64 marcas apenas 4 alcançaram um patamar de confiança razoável. Mas é preciso avaliar que, a partir destas ferramentas, é possível iniciar uma era de mudanças na atuação das marcas no mercado e com o consumidor da classe C.
Apesar das dificuldades apresentadas, existem duas boas notícias.
Apesar de quase 70% das pessoas declararem ter dívidas no momento da pesquisa e de 58% ter mais dívidas do que há 2 anos, elas querem e acreditam que vão seguir crescendo. Acreditam que este movimento de ascensão na social os levará para cima também. Todos entrevistados foram otimistas e disseram acreditar que, num futuro próximo, estarão melhores econômica e socialmente.
Todos os entrevistados possuem projetos aspiracionais muito fortes.
Como já dito, para os consumidores, as marcas são um aliado importante no projeto de crescimento, na concretização do projeto aspiracional. As marcas fazem parte do projeto de futuro destas pessoas e têm um papel a desempenhar neste cenário de vida futura delas.
O espaço de idealização é preenchido pelas marcas. Entre o eu atual e o eu aspiracional, as marcas exercem um papel importante, aproximando o consumidor do seu futuro sonhado e ideal.
O índice de credibilidade, avaliado pelo IBOPE todos os anos, tem caído drasticamente. Por isso, existe um espaço vago para as marcas de consumo ocupar. Basta abrir os olhos.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Maxímidia 2008: BRIC – Parceiros, Concorrentes ou Curiosidade?

09 de outubro de 2008
Palestra:
BRIC – Parceiros, Concorrentes ou Curiosidade?

Palestrante:
Stephen Kanitz – KANITZ
Moderadora:
Regina Augusto – Grupo M&M

BRIC – Brasil, Russia, Índia, China

Eu concordo com o Nizan Guanaes, quando diz que estamos em um momento onde devemos ter cautela e nos preparar para o pior. Mas sem torcer para que ele aconteça.
Em 1929, a quebra da bolsa de Nova York causou um estrondoso colapso na comunidade norte America e repercutiu por mais de 15 anos.
Eu, e diversos outros especialistas, acreditamos que esta crise vai durar somente 7 anos.
Em 1994 eu já avisava para todos, através de palestras por todo o Brasil, que a inflação brasileira ia acabar.
Há dez anos, neste mesmo evento (Maximidia), eu falava que o Brasil ia dar certo. O crescimento econômico tiraria 20 milhões de brasileiros da classe D e E.
Eu escrevi The Emerging Economic Boom 1995-2005, onde contava tudo isso, detalhadamente. Aliás, quando começaram a especular sobre os países emergentes eu defendia o Brasil como um deles, afirmando ser uma boa aposta.
Nesta época, enquanto eu dizia para investir no Brasil, a revista Exame recomendava comprar dólares.

A questão:
Os Economistas são intelectuais que nunca trabalharam na vida, nunca tiveram interesse em trabalhar e, nem ao menos, de conhecer as empresas, é o profissional mais entrevistado pela impressa brasileira. São eles que dizem sempre para ficarmos quietos, calados, sem fazer nada. E isso faz com que todos se acautelem demais.
Prever não é ruim, prever errado sim. Previsões erradas podem gerar desemprego.
Alguns estão dizendo hoje que estamos vivendo uma crise como a de 29, onde 25% dos norte americanos perderam seus empregos, registrando inclusive casos de suicídio.
Mas isso não é verdade. Nem mesmo o Brasil vive o mesmo momento e a mesma dependência financeira. Mas ainda assim, diversas pessoas já foram despedidas e diversas outras estão em pânico.
São estes economistas, com pouca experiência prática e real, que estão piorando a situação atual.
As origens da crise de hoje são os mesmo erros de 1935. Nesta época, as autoridades americanas elevaram a taxa de juros em 100%. Este era o juros nominal. Já o juros real foi de 11%. Por conta desta estratégia, 4 mil bancos quebraram.
Por isso, os bancos que sobraram foram regulamentados. Eles somente podiam emprestar 12 vezes o seu capital e reservas, valor corroído pela inflação do período, ano após ano.
Com isso, os bancos comerciais foram perdendo, gradativamente, o seu valor e assim não tinham reservas para as transações bancárias.
O capital de um dos maiores bancos norte americano era de 40 milhões de dólares. Hoje, depois de quase cem anos, vale apenas 2 dólares.
No ano passado, quando era colunista da Veja, publiquei que os bancos mundiais deixarão de investir 12 trilhões de reais neste ano, por causa de uma inflação de 4%.

Existem sete fases básicas em uma crise:
1ª O problema é um mero boato;
2ª O problema realmente existe, mas todos dizem que podemos ficar tranqüilos, que está tudo sob controle;
3ª Admitem que realmente o problema seja grave, mas que já estão tomando as providências necessárias;
4ª O problema é muito grave e dizem que as medidas emergenciais já foram tomadas, agora resta esperar pelos resultados;
5ª Pânico geral! Salve-se quem puder! Neste momento de falatório, a sociedade é alarmada e com isso o consumo diminui drasticamente. Nos EUA a venda de carros caiu em 30% no último mês;
6ª A caça aos culpados. Criam-se comissões de inquérito e inicia-se um processo de acusações;
7ª A prisão dos inocentes. Que é o que mais assusta! Porque, neste momento, os falsos culpados são linchados. E os grandes culpados são os geradores destas desconfianças e acusações. Um dos maiores acusados pela atual crise norte americana é o Presidente Bush, mas ninguém da impressa brasileira ou americana divulgou que o Banco Central norte americano é independente do Governo. Por pior que pareça, nesta questão, ele é inocente, mas esta sendo julgado e será condenado como culpado.
Quem já é rico, não quer ficar mais rico e sim preservar suas finanças. Por isso rico não arrisca e não investe, retraindo a economia brasileira. Quando o ideal seria alavancar, investindo e fazendo girar a roda da economia.

Não é igual à crise de 29
Dinheiro que está em DI não conta. Toda poupança fica neste DI e em nome da pessoa física/jurídica, não em nome do banco. Então se o banco quebrar você, que poupou, não perde nada. Durante as crises o conselho é deixar o seu dinheiro lá, guardado na poupança e não entrar em pânico e sair tirando tudo para guardar debaixo do colchão.
Hoje, o Brasil tem em reserva 220 bilhões de reais. Para não ter sustos, faça uma reserva. O. Graças ao Henrique Meirelles, atual presidente do BC, nós temos reserva como nunca antes. Isso significa que nos não teremos problema algum. Na pior das hipóteses, caso falte dinheiro, o Brasil está preparado.

O Brasil está bem melhor que os EUA e isso só falta ser publicado.
Nós nunca tivemos, na história do Brasil, os trilhardários. O cara que tem 1 bilhão de dólares.
Estes super ricos poupam 99% do que ganham. Já os pobres, que vivem com menos 1 salário mínimo, não poupam absolutamente nada.
Segundo Antonio Hermínio de Morais, ex Presidente da Federação do Comércio de São Paulo e uma das pessoas mais ricas do Brasil, em 2050 nós teremos 1 trilhão de dólares em poupança. Em 2100 teremos 3 trilhões de dólares em poupança.
Por isso, eu acho que essa crise vai passar com muita rapidez. Os bancos brasileiros já possuem fontes de onde tirar verba, caso necessário, sem contrair dívidas absurdas e quebrar.
Ano que vem o Brasil vai crescer 3%, dizem os especialistas e eu acredito.
Nestes últimos dez anos o número de matrículas nas universidades aumentou muito. O número de faculdades de administração também aumentou demais. Nos EUA 18,6% da população é formada em Administração, no Brasil são apenas 6%.
Até 1980, no Brasil, a profissão mais freqüente era a advocacia, com 12,3% da população. Hoje no Brasil 17,7% da população é graduada em administração. A previsão é de que em 2010, serão 25% de administradores.
Enquanto Harvard criava administradores socialmente responsáveis, na União Soviética todos os administradores foram mortos durante a Guerra Fria, assim como os contadores e todos aqueles profissionais julgados como espiões do capitalismo.
Maquiavel dizia que “em caso de crise, mate o primeiro escalão”, e eles mataram o primeiro e o segundo.

O Brasil pegou a visão da esquerda soviética. Por isso, os administradores são muito mal vistos.
Tanto que hoje, aqui no Maximidia 2008, não se falou de administração, só se falou em gestão.
Mas nós precisamos resgatar estes administradores socialmente responsáveis e não valorizar empresários que só ficam falando de si.
O que, a primeira vista, pode até parecer que estamos “emburrecendo”, mas não é verdade. O fato é que a cada dez anos o QI médio das crianças está aumentando 3%. Uma criança que nasceu em 1960 tinha um QI de 100 pontos, já aquelas que nascerem 2010 terão um QI de 119.

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Maximidia 2008: Advergames – Mantendo a sua marca no jogo

Continuando a série Maximidia 2008, posto aqui outra palestra que assisti, através do Maximidia Sat 2008.

07 de outubro de 2008
Palestra:
Advergames – Mantendo a sua marca no jogo

Painelistas:
Jay Sampson – Massive Network, Microsoft Advertising (EUA)
Debatedores:
Leandro Cruz de Paula – Microsoft Advertising
Pedro Cabral – Isobar
Moderador:
Pyr Marcondes – Meio Digital


Jay Sampson é Diretor Sênior da Emergin Midia e responsável pela Massive Network, uma tecnologia de publicidade para rede de games. Esta tecnologia foi comprada pela Microsoft há dois anos.

Falar de jogadores de videogame é falar de jovens adultos e adolescentes entre 13 e 24 anos.
O game faz parte da vida de muitas pessoas. A FTC Inteligence quantificou este mercado em 21 milhões de dólares. Um mercado muito maior que o de música e filmes.
Hoje é possível levar estes jogos para onde quer que o consumidor esteja através de aparelhos portáteis. É comum que as famílias mantenham diversos aparelhos com acesso à games, que vão de telefones celulares (iphones) à tocadores de música (ipod).
A conectividade muda todos os dias e mudou tudo no ambiente de games. Não simplesmente no modo de jogar, como também na interatividade com amigos.
O game muda a maneira como o conteúdo pode ser distribuído.
Através do console ou PC, utilizando softwares, o jogador pode atualizar o programa através da internet e receber as mais recentes novidades, criadas tanto pela companhia desenvolvedora do jogo quanto pelos próprios jogadores.
Nos Estados Unidos 94% dos adolescentes entre 13 e 24 anos jogam online e passam de 45 a 50 horas semanais jogando. Por isso, este é um público que os publicitários precisam aprender a lidar. Foi comprovado que este público gasta muito mais nos jogos e nos equipamentos para jogar, do que em músicas e filmes.
As produtoras de filme atualmente são os maiores anunciantes em games. Eles têm obtido grande retorno com o público que joga e conseqüentemente vai ao cinema.
A Adidas também é um grande anunciante em games. A sua participação se faz durante as partidas, onde os personagens usam roupas e equipamentos da marca.
Em 2007, 8% do crescimento do PIB dos EUA se deu pelo comércio de jogos online. Algo parecido começa a acontecer no Brasil, em especial nas regiões de grande poder aquisitivo, como São Paulo.
Algo que atrasa estas expectativas é a pirataria. Quase 90% dos consoles utilizam jogos pirateados.
Existem 5 táticas para anunciar em games:
· Fazer propaganda nos web sites, que são muito acessados pelos jogadores;
· Dinamic in game advertising. Enquanto os games estão acontecendo, os jogadores recebem propagandas em tempo real;
· Eventos patrocinados ou Patrocínio de conteúdo;
· Desenvolvimento de anúncio em produtos específicos. Trabalhando juntamente com a Microsoft, O Burguer King criou um jogo da própria marca, que podia ser jogado em PC e também em console. Assim, a marca passou a vender, não somente os hambúrgueres, mas também os jogos. Os preços eram os mesmos dos lanches e a procura foi enorme, gerando muita mídia espontânea e com isso um aumento significativo das vendas de lanches.
· Outra forma é a “colocação pesada” ou Game in Core. Desta maneira, o produto é inserido no jogo e faz parte. No jogo do James Bond, o agente 007 utilizava um celular Nokia e a marca ficava exposta durante todo o jogo.
Importante ressaltar que o anúncio não deve incomodar o jogador, atrapalhando a jogabilidade ou a visibilidade dos detalhes do jogo.
Deve existir uma forma de garantir ao mercado que as propagandas estão sendo vistas, através:
1. Tamanho do anúncio, em termo de pixels;
2. Ângulo do anuncio;
3. Tempo de exposição.
Para não gerar muita concorrência pela atenção dos jogadores durante o jogo, estipula-se, em média, 4 a 5 minutos por hora de jogo para exposição da marca. São quase 10 segundos por peça.
É possível ainda que o próprio personagem do jogo faça propaganda das marcas, falando o slogan, usando roupas ou acessórios, dentre outros.
Foi feito um estudo co várias mídias para avaliar o desempenho de destas durante os últimos 10 anos. O resultado ficou:
cinema 8%,
canais online 7%,
televisão 32%,
meios de massa 25% a 70%.
A partir daí é possível entender que a adequação do material divulgado para o publico alvo é primordial. É preciso analisar qual o público daquele jogo e se a sua marca se adéqua ao jogo.
A América Latina está pronta para a expansão do Advergames. Em especial para os games para PC. Na China os consoles são proibidos, por isso foco é nos jogos para PC.
A Microsoft está presente em mais de 24 mercados, a seção de Advergames está expandindo para novos mercados, como México e o Brasil.
Este é o grupo de consumidores do futuro.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

Maxímidia 2008: A marca na agenda do CEO

Eu sei que o blog estava abandonado às moscas. Eu sei que sou inteiramente responsável por isso, mas a vida é assim mesmo. Nem sempre sobra tempo para nos dedicarmos ao que mais gostamos. O importante é que voltei! E agora vou deixar esse espaço um pouco mais profissional!
Pra começar, posto aqui a primeira palestra do Maximídia 2008- a minha resenha, claro!
Maxímida é um evento nacional, que acontece anualmente e tem como foco a discussão sobre MÍDIA! Como não tenho cacife para ir ao World Trade Center em São Paulo, participei, pelo segundo ano consecutivo, da transmissão via satélite feita por uma emissora aqui de Belo Horizonte.

O evento foi muito bom, as discussões muito produtivas e os barracos inéditos! Quem quiser saber mais, acessa www.maximidia.com.br/2008/.


7 de outubro de 2008
Palestra:
A marca na agenda do CEO

Painelistas:
Cledorvino Belini – FIAT
Márcio Utsch – Alpargatas
José Antonio do Prado Fay – Perdigão
Ricardo Gonçalves – Cia Muller de Bebidas
Moderador:
Marcelo Parada – Grupo Bandeirantes

Belini - FIAT
Eu acredito que o Branding é algo que fazemos todos os dias e que está na raiz do sucesso do nosso negócio. Branding é o que vemos acontecer todos os dias, em tudo que as pessoas fazem dentro da empresa.
Uma marca forte nasce dentro da corporação e antes de ser adotada pelos consumidores, deve ser adotada por todas as pessoas envolvidas. Desde a área de pesquisa até a equipe de vendas.
Construir uma marca é um processo contínuo, é necessário questionar sempre a direção tomada. E necessário ouvir, dentro e fora da empresa.
Na FIAT as pessoas participam todo tempo e a participação acontece de forma diferente.
Buscamos absorver tudo que está acontecendo a nossa volta e pensamos constantemente no futuro. Na campanha de 30 anos da montadora no Brasil, foram ouvir diversos consumidores e também futuros consumidores.
Acredito que a liderança de uma empresa é o resultado direto da capacidade de gerar benefícios que transformem o mercado e agreguem valor a toda à sociedade e seus stakeholders. Engloba a satisfação das necessidades dos clientes e até mesmo de seus desejos, da forma mais ampla possível.
Antes de transformar a sustentabilidade em uma campanha é preciso avaliar esta situação dentro da empresa.
A FIAT mudou as ruas brasileiras, nunca se viu tanto FIAT na rua desde a chegada da Fábrica no mercado Brasileiro, em 1976.
O ponto aqui é dizer a todos que eu não acredito que os presidentes devem encontrar um tempo para pensar nas marcas. Simplesmente porque não acredito que seja possível gerir uma empresa e não pensar nisso o tempo todo.

Fay - Perdigão
Ainda se faz muito pouco de Branding no Brasil, é mais comum pensar na comunicação, sem esta especificação.
Marcas são entidades que tem existência virtual.
O poder não está no símbolo, mas no que ele representa. A Faber Castel, fundada no século 17, ainda hoje é uma marca forte e com grande representação.
Marca e lucro tem uma relação indivisível. O lucro vem da maneira como a gente consegue acessar o consumidor final, que é quem decide a compra.
Uma marca serve para aumentar o valor de uma companhia. Através dos produtos, via consumidores.
Os custos raramente são vantagens competitivas. É difícil imaginar que uma empresa mantenha como diferencial os custos. A tecnologia se espalha com facilidade e por isso os produtos são bem parecidos. O que faz os preços serem realmente diferente é a força das marcas a que estão atreladas a eles. Preço e Produto são dois princípios básicos para se ter uma marca forte. Como os custos são bem semelhantes os produtos também são muito parecidos.
Os acionistas valorizam a sustentabilidade, mas não é possível pensar em sustentabilidade sem que haja uma marca forte. O valor de mercado da empresa está diretamente ligado a sua gestão e aos seus gestores. Cabe, também, aos acionistas, trabalhar a marca no mercado, valorizando-a. O volume de vendas e o preço impactam fortemente no valor de uma companhia.
Quando é feito o cálculo de uma empresa, em situação de fusão ou aquisição, o que mais pesa é o faturamento de uma companhia. E isto é absolutamente ligado ao preço que ela vende seus produtos no mercado. Mesmo quando o CEO esta envolvido em funções diferentes da comunicação, como um Diretor Financeiro, por exemplo, deve estar atento à marca, ao processo do Branding.
Quando calculamos o valor da companhia inclui-se o valor dos ativo, o que é uma grande variável. Algumas empresas têm ativos tecnológicos, como maquinário, já as empresa de mídia tem pouco ativo físico, o que se considera como ativo é o próprio ser humano, o atibo intelectual e por isso intangível.
ÁGIO! Por que não se vende uma companhia pelo valor dos seus ativos, mais as dívidas? Porque ela tem uma posição de mercado, sua marca, sua tecnologia e etc. Tudo isso deve ser calculado no momento de mensuração do valor da empresa, mas a marca é o ponto central.
A Proctor and Gamble comprou a Gilete por 25 milhões de reais. Valor bem maior que a soma de todos os ativos e dívidas desta empresa. Essa discrepância é devida ao valor da marca.
Construir marcas é um processo complexo e caro. Branding é um processo que, além de complexo é incontrolável. As empresas controlam estoque, produção, mas não consumidores e nem concorrência. Além disso, o Branding é um processo de longa duração. As marcas são construídas durante vários anos.
O IRF tem permitido nos últimos tempos que a companhia declare e registre o valor de uma marca, juntamente com o valor de seus ativos,
No fundo a marca é muito mais duradoura e mais volumosa do que a própria fábrica. As fábricas se tornam absoletas e precisam de constante atualização física. Já as marcas têm a possibilidade de se reinventar freqüentemente, com custos financeiros bem menores. É obrigação dos CEOs e de toda a Diretoria zelar pelas marcas.
Diferenciação e relevância são aspectos difíceis para uma marca alcançar no ponto de venda, por isso a própria marca é o bem mais precioso de uma empresa. Não é um assunto somente dos CEOs. Este deve ser o guardião da marca, assim como o conselho de administração e a assembléia dos acionistas, bem como todos os demais colaboradores da companhia.
Falar em marca é como falar em sexo, ninguém é contra, todo mundo gosta, mas a realidade é diferente da retórica.