terça-feira, 28 de outubro de 2008

Maxímidia 2008: BRIC – Parceiros, Concorrentes ou Curiosidade?

09 de outubro de 2008
Palestra:
BRIC – Parceiros, Concorrentes ou Curiosidade?

Palestrante:
Stephen Kanitz – KANITZ
Moderadora:
Regina Augusto – Grupo M&M

BRIC – Brasil, Russia, Índia, China

Eu concordo com o Nizan Guanaes, quando diz que estamos em um momento onde devemos ter cautela e nos preparar para o pior. Mas sem torcer para que ele aconteça.
Em 1929, a quebra da bolsa de Nova York causou um estrondoso colapso na comunidade norte America e repercutiu por mais de 15 anos.
Eu, e diversos outros especialistas, acreditamos que esta crise vai durar somente 7 anos.
Em 1994 eu já avisava para todos, através de palestras por todo o Brasil, que a inflação brasileira ia acabar.
Há dez anos, neste mesmo evento (Maximidia), eu falava que o Brasil ia dar certo. O crescimento econômico tiraria 20 milhões de brasileiros da classe D e E.
Eu escrevi The Emerging Economic Boom 1995-2005, onde contava tudo isso, detalhadamente. Aliás, quando começaram a especular sobre os países emergentes eu defendia o Brasil como um deles, afirmando ser uma boa aposta.
Nesta época, enquanto eu dizia para investir no Brasil, a revista Exame recomendava comprar dólares.

A questão:
Os Economistas são intelectuais que nunca trabalharam na vida, nunca tiveram interesse em trabalhar e, nem ao menos, de conhecer as empresas, é o profissional mais entrevistado pela impressa brasileira. São eles que dizem sempre para ficarmos quietos, calados, sem fazer nada. E isso faz com que todos se acautelem demais.
Prever não é ruim, prever errado sim. Previsões erradas podem gerar desemprego.
Alguns estão dizendo hoje que estamos vivendo uma crise como a de 29, onde 25% dos norte americanos perderam seus empregos, registrando inclusive casos de suicídio.
Mas isso não é verdade. Nem mesmo o Brasil vive o mesmo momento e a mesma dependência financeira. Mas ainda assim, diversas pessoas já foram despedidas e diversas outras estão em pânico.
São estes economistas, com pouca experiência prática e real, que estão piorando a situação atual.
As origens da crise de hoje são os mesmo erros de 1935. Nesta época, as autoridades americanas elevaram a taxa de juros em 100%. Este era o juros nominal. Já o juros real foi de 11%. Por conta desta estratégia, 4 mil bancos quebraram.
Por isso, os bancos que sobraram foram regulamentados. Eles somente podiam emprestar 12 vezes o seu capital e reservas, valor corroído pela inflação do período, ano após ano.
Com isso, os bancos comerciais foram perdendo, gradativamente, o seu valor e assim não tinham reservas para as transações bancárias.
O capital de um dos maiores bancos norte americano era de 40 milhões de dólares. Hoje, depois de quase cem anos, vale apenas 2 dólares.
No ano passado, quando era colunista da Veja, publiquei que os bancos mundiais deixarão de investir 12 trilhões de reais neste ano, por causa de uma inflação de 4%.

Existem sete fases básicas em uma crise:
1ª O problema é um mero boato;
2ª O problema realmente existe, mas todos dizem que podemos ficar tranqüilos, que está tudo sob controle;
3ª Admitem que realmente o problema seja grave, mas que já estão tomando as providências necessárias;
4ª O problema é muito grave e dizem que as medidas emergenciais já foram tomadas, agora resta esperar pelos resultados;
5ª Pânico geral! Salve-se quem puder! Neste momento de falatório, a sociedade é alarmada e com isso o consumo diminui drasticamente. Nos EUA a venda de carros caiu em 30% no último mês;
6ª A caça aos culpados. Criam-se comissões de inquérito e inicia-se um processo de acusações;
7ª A prisão dos inocentes. Que é o que mais assusta! Porque, neste momento, os falsos culpados são linchados. E os grandes culpados são os geradores destas desconfianças e acusações. Um dos maiores acusados pela atual crise norte americana é o Presidente Bush, mas ninguém da impressa brasileira ou americana divulgou que o Banco Central norte americano é independente do Governo. Por pior que pareça, nesta questão, ele é inocente, mas esta sendo julgado e será condenado como culpado.
Quem já é rico, não quer ficar mais rico e sim preservar suas finanças. Por isso rico não arrisca e não investe, retraindo a economia brasileira. Quando o ideal seria alavancar, investindo e fazendo girar a roda da economia.

Não é igual à crise de 29
Dinheiro que está em DI não conta. Toda poupança fica neste DI e em nome da pessoa física/jurídica, não em nome do banco. Então se o banco quebrar você, que poupou, não perde nada. Durante as crises o conselho é deixar o seu dinheiro lá, guardado na poupança e não entrar em pânico e sair tirando tudo para guardar debaixo do colchão.
Hoje, o Brasil tem em reserva 220 bilhões de reais. Para não ter sustos, faça uma reserva. O. Graças ao Henrique Meirelles, atual presidente do BC, nós temos reserva como nunca antes. Isso significa que nos não teremos problema algum. Na pior das hipóteses, caso falte dinheiro, o Brasil está preparado.

O Brasil está bem melhor que os EUA e isso só falta ser publicado.
Nós nunca tivemos, na história do Brasil, os trilhardários. O cara que tem 1 bilhão de dólares.
Estes super ricos poupam 99% do que ganham. Já os pobres, que vivem com menos 1 salário mínimo, não poupam absolutamente nada.
Segundo Antonio Hermínio de Morais, ex Presidente da Federação do Comércio de São Paulo e uma das pessoas mais ricas do Brasil, em 2050 nós teremos 1 trilhão de dólares em poupança. Em 2100 teremos 3 trilhões de dólares em poupança.
Por isso, eu acho que essa crise vai passar com muita rapidez. Os bancos brasileiros já possuem fontes de onde tirar verba, caso necessário, sem contrair dívidas absurdas e quebrar.
Ano que vem o Brasil vai crescer 3%, dizem os especialistas e eu acredito.
Nestes últimos dez anos o número de matrículas nas universidades aumentou muito. O número de faculdades de administração também aumentou demais. Nos EUA 18,6% da população é formada em Administração, no Brasil são apenas 6%.
Até 1980, no Brasil, a profissão mais freqüente era a advocacia, com 12,3% da população. Hoje no Brasil 17,7% da população é graduada em administração. A previsão é de que em 2010, serão 25% de administradores.
Enquanto Harvard criava administradores socialmente responsáveis, na União Soviética todos os administradores foram mortos durante a Guerra Fria, assim como os contadores e todos aqueles profissionais julgados como espiões do capitalismo.
Maquiavel dizia que “em caso de crise, mate o primeiro escalão”, e eles mataram o primeiro e o segundo.

O Brasil pegou a visão da esquerda soviética. Por isso, os administradores são muito mal vistos.
Tanto que hoje, aqui no Maximidia 2008, não se falou de administração, só se falou em gestão.
Mas nós precisamos resgatar estes administradores socialmente responsáveis e não valorizar empresários que só ficam falando de si.
O que, a primeira vista, pode até parecer que estamos “emburrecendo”, mas não é verdade. O fato é que a cada dez anos o QI médio das crianças está aumentando 3%. Uma criança que nasceu em 1960 tinha um QI de 100 pontos, já aquelas que nascerem 2010 terão um QI de 119.

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