sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Não é só mais um bar em BH

Eu moro na região oeste de Belo Horizonte e frequentemente, ao voltar pra casa, passo em frente a um bar. Até aí tudo igual, já que na capital mineira todas as esquinas têm um bar e todos eles sempre guardam grandes segredos. Este era um deles.
O que mostra que aquele lugar é de fato um bar, são as mesas do lado de fora que, em certos dias, chega até a metade do quarteirão. O estabelecimento não tem placa, nem muito barulho, nem uma luzinha que chame a atenção. A rua não é muito movimentada, na verdade é um corta caminho bem mais tranqüilo do que o cruzamento logo abaixo, onde em uma esquina tem um Habbib’s, na outra uma Blockbuster e no quarteirão acima a Avenida do Contorno, que literalmente contorna a cidade.
Aconchegante e discreto, como eu gosto, o bar me despertou interesse desde que foi reaberto, não me lembro há quanto tempo.
Terça passada, em mais uma busca para onde ir, decidimos conhecê-lo. Depois de uma voltinha, chegamos e vimos que estava um pouco cheio, mas com a chuva, não tínhamos paciência para procurar outro lugar.
Paramos o carro, corremos para a porta e ...! Eu realmente não imaginava o que vi!
Entrando no lugar, que parece um longo e estreito corredor, vi ao fundo o balcão coberto de parafernálias interessantes. Em toda a extensão da parede à minha esquerda estavam coladas, pelo magnífico processo do lambe-lambe, fotos e imagens em preto e branco de tudo que eu pude imaginar. Na parede contrária, algumas fotos, peças e quadros. E no teto o Quê que faltava, um ventilador com uma estrutura metálica em T e duas hélices, uma em cada ponta. Tipo este aqui. O ambiente é simplesmente onírico, exatamente como eu o faria.
Nos acomodamos e foi impossível parar os olhos, até que um sujeito se aproximou perguntado o que podia fazer por nós e logo descobrimos que era Luigi, dono deste, chamado de Bar Particular. Nós três passamos a três horas seguintes conversando sobre os assuntos mais diversos. Entre muitas outras coisas, Luigi nos disse que era um publicitário, como nós. Que já foi um músico e tocou com Samuel Rosa em sua primeira banda. Atualmente, Luigi é o chef do Bar Particular, responsável pelo cardápio e sua esposa Adriana, que conhecemos depois, penso que é a responsável pela administração.
Este cardápio, inclusive, chamou minha atenção por ser uma simples folha A4 dobrada ao meio impressa a jato de tinta! Quando perguntei o porquê, Luigi me disse que a cada semana ele muda todos os pratos do cardápio. “Você não vai comer aqui, o que comeu na semana passada. Toda semana eu invento uma coisa nova”, disse ele.
Luigi já viajou e morou em muitos lugares no mundo, já trabalhou com muitas personalidades notórias e conhece muito de música e músicos. Tem até um cartaz do Bo Diddley (se não me engano), autografado pelo próprio. Só faltou uma foto da Janis.
Eu poderia escrever muito mais e não faltariam detalhes pra contar, mas esta não é a melhor forma de conhecer o bar. Luigi é uma figura impressionante e o Bar Particular agora faz parte da lista: Eu recomendo e consumo!

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